
“Boggis, Bunce e Bean
Um gordo,
Um baixo,
Um palito,
Esses grandes ladrões
Com diversas feições
Deixam qualquer um aflito.”
Um gordo,
Um baixo,
Um palito,
Esses grandes ladrões
Com diversas feições
Deixam qualquer um aflito.”
Viver segundo o seu próprio instinto ou viver de acordo com as convenções vigentes? Eis a reflexão proposta por esta fantástica realização de Wes Anderson.
O Fantástico Sr. Raposo (Fantastic Mr. Fox, 2009) é competente adaptação para o cinema de uma obra literária (de Roald Dahl, autor de A Fantástica Fábrica de Chocolate). Wes Anderson transpôs sua essência – poesia, filosofia e música – e acrescentou-lhe sua visão, incorporando fantásticas referências do cinema à narração.
A Noite Americana (La Nuit Américaine, 1973), obra-prima do cineasta francês François Truffaut, é expoente máximo das referências para a construção do fantástico roteiro (de Wes Anderson e Noah Baumbach). A trilha do filme, além das belas composições de Alexandre Desplat (e sua terceira indicação ao Oscar), também rememora duas nostálgicas composições de Georges Delerue para A Noite Americana: “Une Petit Ile” e “Le Grand Choral”.
Quando em sua obra-prima Truffaut questiona se “o Cinema é mais importante que a Vida?”, não espera que o público responda, prontamente, sim ou não (e escolha um ou outro), mas que reflita a relação de interdependência entre as duas coisas e, finalmente, conclua: “A Vida com o Cinema pode ser melhor ainda!”. E é exatamente o que Wes Anderson pretende alcançar com o desenvolvimento do roteiro deste Fantástico Sr. Raposo.
Ao descobrir que será pai e estando em perigo, o Sr. Raposo, astuto ladrão de galinhas, promete que, se sobreviver, arranjará um emprego decente. E assim o faz... Acontece que, ao negar radicalmente seu próprio instinto (ato da vontade) e aceitar um emprego condizente ao seu conhecimento (ato do entendimento), e não perseverar, o Sr. Raposo constrói diante de si uma vida absolutamente autárquica – uma vida que se assemelha à morte. Explico: é uma existência bem-comportada, confortável, mas que supõe um isolamento total, a recusa de toda alteridade, de todo risco, de toda novidade.
Canis Lupus simboliza uma liberdade infinita e, portanto, impossível para o plano real. No ato final, o Sr. Raposo, ao encontrá-lo (distante e quase sem poder enxergá-lo), admira e elogia sua criatura. E só! O Sr. Raposo segue, literalmente, estrada à frente em linha reta (ou persevera, segundo o discurso de Descartes), com seu filho Ash e seu sobrinho Kristofferson resgatados. Como se verá logo mais, ele descobre que negar as convenções não é possível (ele mantém seu emprego de redator para a coluna da Gazeta), e tampouco negar radicalmente seus instintos (vide última cena), que seria o mesmo que negar a própria vida. O Sr. Raposo, enfim, aprende a perseverar...
Fantastique! Um filme para ser apreciado por todos aqueles que amam a Vida e a Arte.
Baixar Trilha Sonora de O Fantástico Sr. Raposo:
Álbum Adicional (Alexandre Desplat)
Preciso conferir este! abraço
ResponderExcluirCristiano:
ResponderExcluirObrigado pela visita!
Um abraço.